Módulo II

Língua portuguesa e lusofonia. Representações linguísticas sobre o português, a formação do preconceito linguístico e as variedades do português. Debates sobre a influência dos estrangeirismos na língua.

A1

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26/11/2009

Elogio ao monoglota

LISBOA - Enfim, encontrei alguém que elogia o fato de o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser monoglota.

E não é um qualquer. Trata-se de Mário Soares, ex-presidente e ex-primeiro-ministro de Portugal, um dos líderes da resistência à ditadura salazarista (1932 a 1974, sendo que, a partir de 1968, quando o ditador ficou incapacitado, passou o posto a Marcelo Caetano).

O elogio, aliás, vem acompanhado de uma leve ironia com Fernando Henrique Cardoso, que faria a delícia de Lula:

"Lula tem a grande vantagem de só falar português, enquanto Fernando Henrique falava todos os idiomas e falava [em visitas oficiais] no idioma dos outros, ao passo que Lula leva o português a todas as partes", diz Soares.

A ironia, eu até compartilho. Conto um episódio que acompanhei: uma vez, FHC falaria a uma comissão do Parlamento Europeu, em Bruxelas. Perguntou ao presidente da comissão (um espanhol) em que idioma deveria falar. O anfitrião mostrou com as mãos as bandeiras de todos os então 15 países da União Europeia, lembrou que todos os idiomas dos 15 eram oficiais, "inclusive o português".

Fernando Henrique falou em português, mas respondeu a uma pergunta de um deputado irlandês em inglês, de um representante espanhol em espanhol e de um deputado belga em francês (em francês, mas não em flamengo, que FHC não fala "todos os idiomas", ao contrário do que brincou Soares).

Já o elogio ao fato de Lula ser monoglota, não o acompanho, não. Tampouco acompanho a crítica a esse fato, quando ela é preconceituosa.

Já escrevi na Folha, bem antes de Lula ser popular e ser presidente, que, se os doutores que governaram o país durante 500 anos, deixaram-no do jeito que está, não seria um operário que faria um mal maior. Acertei, o que é raro, mas acontece.

O problema é que Lula ganharia, até como pessoa física, se falasse pelo menos o inglês. Exemplo objetivo: a brincadeira do presidente Barack Obama com o colega brasileiro, aquela história de "my man", que traduzimos por "é o cara".

Lula não entendeu inicialmente a brincadeira. Dependeu da tradução de Sérgio Ferreira, que o acompanha há séculos, e é absolutamente brilhante. Mas piada que precisa, primeiro, ser traduzida evita a resposta bem-humorada que Lula poderia dar se a entendesse de saída.

Como governante, em todo o caso, o fato de ser monoglota não impediu que Lula se transformasse, internacionalmente, na figura do momento. Pode até ser fugaz, nestes tempos em que tudo se consome muito velozmente, de comida a jogadores de futebol. Que aproveite, então, o máximo que puder.

 

Clóvis Rossi é repórter especial e membro do Conselho Editorial da Folha, ganhador dos prêmios Maria Moors Cabot (EUA) e da Fundación por un Nuevo Periodismo Iberoamericano. Assina coluna às quintas e domingos na página 2 da Folha e, aos sábados, no caderno Mundo. É autor, entre outras obras, de "Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo e "O Que é Jornalismo".  
E-mail: crossi@uol.com.br Leia as colunas anteriores             Leia as colunas publicadas na Folha  

Fonte: http://www1.folha.uol.com.br/folha/pensata/clovisrossi/ult10116u658045.shtml

1. Por quem foi escrito esse texto? Por que aparecem alguns dados do autor e não em outros textos?
2. Em que meio foi publicado?
3. Qual o propósito do texto?
4. Quem são os destinatários?

Segundo o sentido do texto, relacionar os trechos com as pessoas mencionadas nele:

FHC 

Lula 

Mário Soares 

Barack Obama 

Sérgio Ferreira 

Clóvis Rossi 

Segundo o texto, o fato de Lula ser monoglota teve algumas consequências. Escolher as opções certas abaixo. 

Lula se transformou na figura do momento.

Lula não conseguiu entender a piada do Obama.

Lula recebeu críticas maliciosas.

Lula não conseguiu responder em flamengo ao presidente da comissão do Parlamento Europeu.

Lula foi aplaudido por só falar português.



Na frase "A ironia, eu até compartilho", a referida ironia é:

FHC não soube em que língua falar na comissão do Parlamento Eurupeu, enquanto Lula sempre falou em português.

FHC não fala todos os idiomas porque não respondeu em flamengo a um deputado belga.

Lula tem a vantagem de ser monoglota e FHC não conta com essa vantagem.

Lula tem a vantagem de ser monoglota e com isso obriga a escutar sua própria língua; no entanto, FHC, que é poliglota, não promove o português.

o anfitrião do Parlamento Europeu disse para FHC que os idiomas dos quinze países da União Europeia eram oficiais, inclusive o português.


Segundo o texto, o autor opina:

que Lula deveria falar várias línguas

que o fato de Lula ser monoglota prejudicou sua gestão como presidente

que é bom que Lula fale somente português, pois leva sua língua a todas partes

nenhuma das outras opções está certa


No seguinte exemplo “O elogio, aliás, vem acompanhado de uma leve ironia com Fernando Henrique Cardoso, que faria a delícia de Lula..." do  texto “Elogio ao monoglota” a palavra aliás significa:

    

De outra maneira, de outro modo; do contrário.

Ademais; além disso; além do mais.

No entanto; não obstante; nada obstante; apesar disso; contudo.


Assinalar qual das expressões abaixo poderia substituir a conjunção em negrito sem mudar o sentido da frase.

Fernando Henrique falou em português, mas respondeu a uma pergunta de um deputado irlandês em inglês, de um representante espanhol em espanhol e de um deputado belga em francês...”

    

além de

porém

enquanto

portanto


Escolher qual é o referente do pronome em negrito:

“…se os doutores que governaram o país durante 500 anos, deixaram-no do jeito que está…”

Procurar no texto palavras sinônimas a:

maneira; modo:

personalidade:

brincadeira; chiste:  

  

O que significa a frase "ao contrário do que brincou Soares"?

Que Soares não falou a sério.

Que Soares pensa isso seriamente.

Que Soares falou a verdade.


E a frase "se a entendesse de saída"?

Se Lula tivesse entendido a piada em seguida.

Se Lula não tivesse entendido a piada.

Se Lula tivesse entendido a piada no final da conversa.


Nos seguintes trechos do texto, escolher qual é o uso das aspas em cada caso.

 

“Lula tem a grande vantagem de só falar português, enquanto Fernando Henrique falava todos os idiomas e falava [em visitas oficiais] no idioma dos outros, ao passo que Lula leva o português a todas as partes”, diz Soares.

    

indicar o nome de algum tipo de publicação (artigos de revistas, capítulos de livros, artigos de jornal).

assinalar palavras ou expressões não características da linguagem convencional, como estrangeirismos, neologismos, gírias, jargões, etc. 

demarcar as citações textuais.


"my man"

    

assinalar palavras ou expressões não características da linguagem convencional, como estrangeirismos, neologismos, gírias, jargões, etc. 

destacar palavras ou expressões que são utilizadas em um sentido especial ou irónico.

apontar o uso metalinguístico de uma palavra ou expressão.


 "O Que é Jornalismo"

    

destacar palavras ou expressões que são utilizadas em um sentido especial ou irónico.

indicar o nome de algum tipo de publicação (artigos de revistas, capítulos de livros, artigos de jornal).

assinalar palavras ou expressões não características da linguagem convencional, como estrangeirismos, neologismos, gírias, jargões, etc. 


A2

O dialeto do cosmopolitismo

Assim como não podemos considerar que exista raça, igualmente, não podemos falar em língua pura. Podemos até falar em língua mais ou menos influenciada por outras. À maneira das demais línguas, a nossa também sofre a influência estrangeira. O início do estrangeirismo no Brasil aqui terá como referência o processo semicolonial durante a história dos tempos atuais; tratará de um conjunto de jargões, ainda assim, desnacionalizados.

Uma das características que distingue o homem da atividade psíquica dos animais é a linguagem. Ela permite criar noções, formular leis da ciência e penetrar na essência dos fenômenos. Sem a linguagem o pensamento humano sequer poderia existir.

Apesar da linguagem servir ao conjunto da sociedade como meio de comunicação, independente das classes sociais numa nação dada, as classes, por sua vez, não são indiferentes à linguagem.

As classes antagônicas entre si utilizam a linguagem em interesse próprio. As atuais classes dominantes, por exemplo, se esforçam por utilizar um tipo de linguagem (uma espécie de dialeto e jargões), impondo seu léxico, termos e expressões particulares, no que se divorciam do povo com a intenção de dominar e oprimir; de exercer um modo de vida de obtenção material, como o de imprimir as idéias e teorias que são correspondentes aos seus interesses e que os possam socorrer. Em particular, o jargão é um código linguístico premeditadamente hermético, com intenção de ludibriar o povo. 

Esse linguajar, tão "erudito" quanto reacionário, se desenvolve nas relações de exploração aparentando superioridade cultural e se constitui, por fim, no dialeto do charlatanismo. O disparatado glossário dos jargões — que se faz passar por termos científicos e técnicos, nos planos político, jurídico, econômico etc. —, não raro veste uma roupagem estrangeira.

É impossível não deixar que ocorra a influência de idiomas estrangeiros na nossa língua pátria, muita coisa positiva vem com ela. Mas livrar-se da invasão estrangeira é outra coisa. Tolerar o estrangeirismo significa apoiar as barreiras sociais criadas contra o povo, e torná-lo até mais empobrecido. Inconscientemente, a população brasileira speak, parla, habla e até fala português.

Os tecnocratas, a serviço das classes dominantes nativas e do capital financeiro mundial, notadamente a burguesia monopolista do USA, ornamentam frases em português com palavras estrangeiras, tudo para ocultar seus propósitos sob uma falsa erudição. 

É aí que se origina uma barreira à compreensão do que é dito pelas classes oprimidas. Forma-se então uma espécie de casta com um código "multilingue" próprio que discrimina como inferior quem dele não pode e nem cabe fazer uso. É próprio desse "dialeto" fugir do sistema léxico essencial (a parte principal do vocabulário) e do sistema gramatical da língua nacional.

DIALETO BUROCRÁTICO

E esse "dialeto" surge em razão dos interesses semifeudais, semicoloniais, e burocráticos. Mas ao se submeter principalmente ao imperialismo ianque adotou e ampliou uma gíria estrangeira, de preferência saída do inglês — e que também não se pode chamar de inglês.

A essência do estrangeirismo reside na adulteração da linguagem com finalidade escusa e uma degeneração ainda maior do jargão (jurídico, filosófico, tecnicista etc.) como fala de minoria. O jargão "economês", o "sociologuês" e outras convenções de comunicação pejadas por tecnicidades e charlatanismo — é um código que afeta a estrutura linguística, assimilando constantemente palavras e expressões da metrópole, igualmente obscuras. A verdadeira língua nacional torna esse "dialeto" inaceitável, sendo que jamais poderá se incorporar à estrutura léxica nacional ou mesmo suplantá-la. 

Vocábulos assim podem figurar nos maiores dicionários da língua portuguesa, porque são encomendados pelas classes dominantes (ao mesmo tempo submissas aos interesses estrangeiros), porém nunca farão parte da nossa língua.

RUÍDOS NA COMUNICAÇÃO

O matiz estrangeiro fica comprovado nas mais diversas relações, tanto na base econômica como na superestrutura. Nos letreiros que indicam um local de venda de produtos diversos, usa-se a palavra portuguesa mercado. Mas para indicar maior sofisticação, a palavra adequada passa a ser shopping. No Rio de Janeiro há um bairro inteiro, Barra da Tijuca — para onde se transferiu uma parte da burguesia e da camada alta da pequena burguesia que reside na cidade —, em que tudo é escrito em inglês, o "idioma dos gatos", como dizia a jornalista Jurema Finamour. Pejorativamente o povo chama o bairro de Miami. 

Cargos que nas empresas brasileiras eram conhecidos por diretor executivo, presidente e gerente, súbito passam a ser chamados de chairmans e managers. Essa gíria não vem suprir nenhuma necessidade provocada pela falta de palavras correspondentes em português. Surgem de forma espúria, ilegítima, adulterada e trapaceira. 

Quando o proletariado e o campesinato, em aliança, destruírem as relações semifeudais no Brasil, e as palavras assumirem o seu verdadeiro significado, quem se atreverá a utilizar na presença do povo expressões como latifúndio improdutivosem terra etc.? É evidente que o sistema de latifúndio é estéril pela sua própria natureza e agregar-lhe o nome de improdutivo significa adulterar o seu conteúdo autêntico, criar mais um empecilho para extingui-lo na economia de nosso país, a pretexto de que alguns são produtivos... Assim acontece com a expressão sem terra. Os trabalhadores do campo não querem apenas a terra e essa expressão busca corromper o caráter de classe e da luta dos camponeses.

No Brasil, as classes dominantes, que representam uma ínfima minoria da população, além da hierarquia de seus empregados de luxo, usam um vocabulário totalmente artificial, que não surgiu de uma necessidade de emancipação das classes oprimidas e de independência nacional, e tenta com isso sobrepor seus interesses escusos aos dos demais brasileiros. Os exemplos dessa invasão artificial estão presentes no nosso dia-a-dia. Qual a real necessidade de uma loja colocar um cartaz em sua vitrine com a palavra sale, quando caberia perfeitamente a palavra venda?

Quando Carlos Pimentel Mendes, profundo conhecedor do idioma nacional, arrisca a fazer alguns cálculos relativos à incorporação de palavras estrangeiras na nossa língua, deduz com muita lógica: "O idioma português tem algo como 300 mil palavras. Em apenas um ano, cerca de 3 mil palavras estrangeiras foram incorporadas aos dicionários, portanto 1% do total. Se considerarmos que o 1% recém-incorporado tem uso pleno, a invasão estrangeira ganha proporções estatísticas ainda mais alarmantes. Digamos que 60 mil palavras sejam efetivamente usadas, então a proporção dos neologismos é de 5%", calcula o jornalista.

A discriminação que acompanha o estrangeirismo, em certos momentos, está bem camuflada, a ponto da população quase sempre não perceber a sua nocividade. Se os governos imperialistas nos classificam como nação inferior, uma das razões (além da circulação prioritária de todas as suas corporações e produtos em território brasileiro, em detrimento da vida material do nosso povo) reside na imposição das expressões da literatura e da arte, hábitos, costumes, sistema jurídico, moral etc. e, em especial, na valorização excessiva do idioma estrangeiro. 

É aberto um espaço para que esse idioma cresça e tire nosso próprio espaço. O mercado mundial encontra-se sempre fechado à circulação dos produtos da América Latina — os mais legítimos e de utilidade comprovada —, seja por imposição de preços aviltantes, ou simplesmente barrando o seu ingresso para manter a supremacia das mercadorias sob domínio dos monopólios. Em contrapartida, as classes dominantes nativas e seu governo favorecem a entrada de festejos como o halloween (dia das bruxas), música, literatura, filmes, brinquedos, imprensa da pior qualidade e divulgando as mensagens mais perniciosas, entretenimentos, vestuário etc. Além disso, há uma febril produção de literatura e arte ianques no Brasil.

O desenvolvimento da cultura (do ponto de vista restrito, interpretada como a vida espiritual de uma nação) tem por base a vida econômica da nação. Ambas precisam ter marcante a expressão nacional, científica e de massas. Nesse processo, a cultura que serve a uma nação deve se opor à opressão nacional, à dominação estrangeira. Deve ser científica, combater o misticismo e tudo o que representa de velho e reacionário para o povo. Necessita ser de massas porque os conhecimentos de uma nação devem se elevar e, ao mesmo tempo, se popularizar.

Nesse sentido, não é possível se opor à cultura de outros povos quando ela é comprovadamente progressista, já que a xenofobia de nada serve.

Em se tratando da linguagem, ela é um conjunto de regras de comunicação compreendidas pelas pessoas que o usam. Se essas regras são desprezadas em favor de alterações espúrias, rápido se tornam impossíveis de serem ensinadas.

Consequentemente passa a haver um confinamento da língua nacional, e se torna cada vez mais difícil transmitir uma mensagem marcada pelas autênticas aspirações nacionais, em particular das classes oprimidas. 

É muito perigoso adotar palavras de uma língua estrangeira por imposição, desprezar a sonoridade e a estrutura gramatical que sustentam o manancial vocabular da língua nacional. Isso resulta em utilizar um "dialeto", uma codificação ilegítima, colonial e sem estrutura linguística verdadeira. É o que se passa com as classes dominantes, cada vez mais alienadas.

A imensa maioria da população se depara com vários casos do uso de palavras "inglesas", na realidade muitas vezes nem passam de gírias de vida tão duradoura quanto a circulação de um produto, ou maneira de usá-lo, lançado no mercado pelas corporações estrangeiras, que é prontamente substituído por outro. Não é resultado de qualquer elaboração mental ou consideração sobre a sua utilização. Tampouco reflete qualquer abstração superior, por serem palavras, expressões etc. fora do contexto nacional. 

Como o X de cheese que vira sanduíche (mesmo sem queijo), ou do funcionário da firma de entregas a domicílio que não sabe o que é o delivery estampado na frente da loja. E diz delivérri, tentando imitar a pronúncia e imaginando ser algum produto novo vendido pelo patrão. Não conhece o original estrangeiro e também não sabe para que serve tal palavra "em português".

Há de se reconhecer a contribuição das palavras estrangeiras ao nosso idioma, mas é preciso rechaçar com toda força a inserção delas, na sua forma de dominação, inteiramente dispensável por não haver correspondência com a vida nacional. Tolices como linkar em vez de ligar (no sentido de pôr em comunicação) estão cada vez mais presentes no dia-a-dia do brasileiro. 

Principalmente nas grandes empresas, termos completamente desnecessários são utilizados por seus diretores e executivos. Diretores associados a empresas estrangeiras e à hierarquia dos empregados sentem-se felizes ao ver divulgada sua criação de verbos completamente fúteis. Por exemplo, foram criados os verbos: estartar — oriundo da palavra inglesa start; tem por função demonstrar o início de determinada atividade ou processo: "Vamos estartar a reunião". "O processo foi estartado". Estopar — também oriundo de outra palavra inglesa: stop; tem por função demonstrar o encerramento de determinada atividade ou processo.

O COMBATE AO ESTRANGEIRISMO

Na França, o governo e autoridades linguísticas estão envolvidos desde 1973 em uma campanha maciça para manter a soberania da língua nacional sem a interferência de outros idiomas. O governo francês indica palavras, com a publicação de listas nos jornais, que podem substituir os termos estrangeiros e foi criada lei que proíbe a utilização de palavras estrangeiras em documentos oficiais e também a utilização em emissoras de televisão, rádio, anúncios, letreiros, transporte coletivo, lugares públicos e contratos de trabalho.

Em 1999, o senador Ronaldo Cunha Lima subiu à tribuna para fazer um dos primeiros ataques ao estrangeirismo na nossa língua. Irônico e sarcástico, o parlamentar paraibano descreveu uma manhã hipotética do seu cotidiano, usando quase que somente palavras estrangeiras. A manhã terminava com ele abrindo o freezer em busca de uma coke para combater a sede provocada pelo cooper.

O escritor português José Saramago, ao se recusar a pronunciar a palavra mouse, prefere usar rato. Mas por que essa tão inútil tradução? Não bastaria comando, ou coisa assim? Comentando recentemente sobre a atração que as palavras estrangeiras exercem sobre os brasileiros, ele afirmou não entender por que bradamos tanto contra a colonização se no fundo gostamos de ser colonizados.

É evidente que o povo trabalhador e todas as demais pessoas progressistas também não apreciam essa formulação de Saramago, porque elas não apreciam a colonização.

No Brasil, qualquer lei que busque proibir o uso de palavras estrangeiras acaba tendo um teor utópico e até mesmo demagógico, cuja aplicação tornaria muito complexa a sua fiscalização. De que adianta aportuguesar algumas palavras estranhas às nossas necessidades? E quem fiscalizaria diálogos, nomes de lojas e de todas as mercadorias sem abolir o sistema semicolonial, semifeudal e burocrático vigente em nosso país?

Fonte: http://www.anovademocracia.com.br/no-17/869-o-dialeto-do-cosmopolitismo

Ler o texto "O dialeto do cosmopolitismo" para responder às seguintes perguntas:

1) Qual o propósito do texto?

2) Ao que faz referência o autor com a seguinte frase?
"Inconscientemente, a população brasileira speak, parla, habla e até fala português".

3) Explique a frase:
"O disparatado glossário dos jargões [...] não raro veste uma roupagem estrangeira".

 

O texto "O dialeto do cosmopolitismo" afirma que:

    

É importante falar o português puro

A linguagem não tem relação com a dinámica social pois é usada como meio de comunicação

A influência sobre o português de outras línguas estrangeiras é negativa

O uso da linguagem reflete o funcionamento de uma sociedade

O povo faz ações de libertação através da língua


Escolher a opção certa das palavras entre parênteses e preencher as lacunas.

Saramago também alertou: “Não esqueçamos que (as - às)     línguas se cercam umas às outras, não esqueçamos que a língua inglesa as cerca a todas e a todos nos cerca” e que “hoje, uma língua que não se defende morre”, no que todos os falantes do Português estarão de acordo. (Mais - Mas)    cada um irá defender a “sua” língua (“a língua é de quem a fala”) (a - à)   sua maneira, (no - não)    seu lugar e no seu tempo. E eles são diferentes em cada país e para cada povo, em consonância com as necessidades da comunicação (é - e)    o sentido das identidades nacionais– portanto, e também, constituindo um atributo de soberania.

  

Escolher para cada verbete a palavra que corresponde.

"Palavra ou expressão estrangeira usada; emprego de palavra, frase ou construção sintática estrangeira".

jargão

gíria

estrangeirismo


"Linguagem deliberadamente artificializada empregada pelos membros de um grupo, desejosos de não serem entendidos pelos não-iniciados ou, simplesmente, de diferenciarem-se das demais pessoas."

jargão

linguajar

fala


A3

QUEM PRECISA DESSA DEFESA?

Marcos Bagno

Falar em defesa de línguas só se justifica quando se trata de idiomas que correm perigo de extinção. Das quase 7.000 línguas catalogadas hoje no mundo, cerca de 2.500 se encontram em risco. É o caso, por exemplo, de praticamente todas as línguas indígenas faladas no Brasil: das 180 conhecidas, apenas 25 têm mais de mil falantes. Tudo justifica a elaboração de políticas de proteção, defesa, ensino e divulgação dessas línguas.

Mas falar de “defesa” do português é um discurso que se insere numa esfera político-ideológica completamente diferente. Uma esfera reacionária e elitista. Afinal, para que defender uma língua que, só no Brasil, tem 200 milhões de falantes — o que faz do português brasileiro a terceira língua mais falada do Ocidente, depois do espanhol e do inglês?

No entanto, foi precisamente de “defesa” que tratou um encontro promovido em 23 de maio último por duas entidades cuja existência até hoje me espanta: a Academia Brasileira de Letras e uma de suas excrescências, a Academia Paulista de Letras. Essas entidades, como bem sabemos, não têm serventia alguma em nossa vida social e cultural. No site desse encontro (chamado, incorretamente, de “seminário”), era possível ler a seguinte pérola da estilística balofa: “Está cada vez mais difícil para os professores de Português, dos três graus de ensino (fundamental, médio e superior) desempenhar o magistério no campo da língua portuguesa, tendo em vista as controvertidas opiniões de especialistas, que entendem dever-se debater o uso dos diversos linguajares de ocasião diante da hegemonia do vernáculo, a chamada língua culta nacional (língua padrão).”

 Esse pequeno parágrafo seria suficiente para uma aula inteira de análise do discurso ou de sociologia da linguagem. Fala-se de “controvertidas opiniões de especialistas” que suspostamente estariam dificultando o trabalho dos professores de português. Mas quem é que rotula de “controvertidas” essas opiniões? Se elas provêm de “especialistas”, por que os poucos membros das Academias se acham capazes de considerá-las “controvertidas”? O que têm a dizer sobre ensino de língua figuras como Ivo Pitanguy (médico), Nelson Pereira dos Santos (cineasta), Antônio Ermírio de Moraes (empresário), Eros Grau (jurista), Gabriel Chalita (sabe-deus-o-quê), Merval Pereira (inclassificável) ou Marco Maciel (réptil)?

E o que dizer dessa construção: “dever-se debater o uso dos diversos linguajares de ocasião diante da hegemonia do vernáculo, a chamada língua culta nacional (língua padrão)”? Como perguntariam os ultrapolidos ingleses: “What the fuck?”.Que josta vêm a ser “linguajares de ocasião”? Por que essa gente não vai estudar um pouco, abrir um manual básico de linguística ou sociolinguística para entender o que são variedades linguísticas, regras variáveis, heterogeneidade regulada, e até mesmo vernáculo, que na linguística moderna é coisa muito diferente do conceito jurássico de “língua correta” que os acadêmicos ainda perseguem?

Diz o mesmo site que a conferência “Magma” (isso mesmo, magma) foi proferida por Evanildo Bechara. E que, entre os debatedores estiveram Arnaldo Niskier (que sabe tanto de linguística quanto o boxeador Anderson Silva) e a onipresente Dad Squarisi, uma das figuras mais patéticas que tive o desprazer de conhecer pessoalmente. Essa defesa deve ter sido um festival de horrores!!!

Por qual motivo foi escrito esse texto?

Por que Bagno não quer defender o português?

Identificar no texto o trecho que dá evidência a essa frase:

"se sabe uma mesma língua tem diversidade de como é falada, por exemplo não se fala o mesmo português no Rio Grande do Sul que no Matogrosso"

Identificar no texto os referentes das expressões em negrito:

a- Por que essa gente não vai estudar um pouco

b- Essas entidades, como bem sabemos, não têm serventia alguma em nossa vida social e cultural.

c- No site desse encontro (chamado, incorretamente, de “seminário”)

d-Esse pequeno parágrafo seria suficiente para uma aula inteira de análise do discurso ou de sociologia da linguagem.

 

 

 

F1

VERBO

A cidade de Montevidéu floresce.

VERBO:é a palavra que exprime ação, estado, mudança de estado, processo, fenômeno da natureza, e que se distingue pela função sintática que exerce na oração e por possuir flexões de modo, tempo, pessoa e número.

O verbo é a classe de palavras que apresenta o maior número de possibilidades de flexão na língua portuguesa. É por isso que, além do significado léxico do verbo, é possível achar muitas outras informações gramaticais na denominada desinência verbal (terminação verbal), onde a flexão ocorre. O conjunto dessas informações flexivas de um verbo é conhecido como conjugação ou paradigma verbal.

A respeito da sua função sintática, o verbo cumpre um papel fundamental: ser o núcleo da oração, quer dizer que sem verbo não há oração. Outro fenômeno sintático referente ao verbo, muito importante aos fins da compreensão leitora, é a concordância verbal, aquela que o verbo mantem com o sujeito da oração. Observe o exemplo acima: o verbo florescer concorda em número e pessoa (3. a pessoa singular)com o sujeito, “A cidade de Montevidéu”, por meio da desinência _e.

MODO VERBAL

MODO: é a categoria verbal encarregada de indicar qual é a atitude ou o compromisso assumido pelo emissor a respeito do que fala, isto é, se o fato comunicado é apresentado como real, possível ou irreal; se se trata de uma asseveração, um desejo ou uma ordem. Em português existem três modos verbais:

  • indicativo: é o modo que exprime a certeza de quem fala diante do que enuncia, expressa que o fato ao qual o verbo se refere aconteceu, acontece ou acontecerá:

Lula tem a grande vantagem de só falar português, enquanto Fernando Henrique falava todos os idiomas

  • subjuntivo: ao contrário do modo indicativo, é o modo que expressa a dúvida, a incerteza, a possibilidade, o desejo. Assim como o indicativo, o subjuntivo se caracteriza por um conceito semântico, é o modo verbal que, ao invés de expressar uma certeza, expressará uma ideia de dúvida, uma ação irreal, hipotética:

O problema é que Lula ganharia, até como pessoa física, se falasse pelo menos o inglês.
Outra característica desse modo verbal é a sua extrema dependência com outro verbo: o modo subjuntivo geralmente se apresenta nas orações subordinadas.

  • imperativo: é o modo utilizado para indicar uma ordem, um pedido ou um conselho :

Saia (você) daqui.

TEMPO VERBAL

TEMPO: é a propriedade que tem o verbo de localizar o fato ao qual se refere no tempo, em relação ao momento em que se fala (momento da enunciação). Os tempos básicos são três: presente, pretérito ou passado e futuro.

 

PRESENTE - MODO INDICATIVO

A ironia, eu até compartilho.

PRESENTE: é o tempo verbal que designa uma ação que ocorre ou está ocorrendo no momento em que se fala. É o tempo coringa da língua portuguesa, aplicando-se a distintos usos. Os seus principais são:

usos

exemplo

observação

Simultaneidade ao momento de fala

Conto um episódio que acompanhei:… 

Uso mais comum quando na presença de um adjunto adverbial que indique a simultaneidade (por exemplo, agora).

Contemporaneidade

Lula tem a grande vantagem de só falar português.

Este uso pode vir acompanhado de adjuntos adverbiais que reforçam a ideia de contemporaneidade, como ultimamente, no presente, hoje, atualmente, hoje em dia.

Frequência

Acordo às sete a semana toda.

Nesse caso, pode ou não haver um adjunto adverbial circunstanciando a frequência.

Atemporalidade

Uma das características que distingue o homem da atividade psíquica dos animais é a linguagem.

Este uso também pode ser entendido como de verdades absolutas.

Futuridade  

No sábado, passo na tua casa.

Sobretudo em usos que remetem a um futuro considerado breve pelo enunciador.

Apresentação histórica (passado)

Quando Carlos Pimentel Mendes, profundo conhecedor do idioma nacional, arrisca a fazer alguns cálculos relativos à incorporação de palavras estrangeiras na nossa língua, deduz com muita lógica:

Também denominado presente histórico, assume o valor do pretérito perfeito.

 

PARADIGMA DE VERBOS REGULARES

PRONOMES PESSOAIS

FALAR

COMER

ASSISTIR

eu

falo

como

assisto

você / ele / ela

fala

come

assiste

nós

falamos

comemos

assistimos

vocês / eles / elas

falam

comem

assistem

 

PARADIGMA DE ALGUNS VERBOS IRREGULARES

PRONOMES PESSOAIS

SER

ESTAR

TER

VIR

IR

eu

sou

estou

tenho

venho

vou

você / ele / ela

é

está

tem

vem

vai

nós

somos

estamos

temos

viemos

vamos

vocês / eles / elas

são

estão

têm

vêm

vão

 

PRONOMES PESSOAIS

VER

DAR

TRAZER

DIZER

eu

vejo

dou

trago

digo

você / ele / ela

da

traz

diz

nós

vemos

damos

trazemos

dizemos

vocês / eles / elas

veem

dão

trazem

dizem

 

PRONOMES PESSOAIS

FAZER

QUERER

PODER

PÔR

eu

faço

quero

posso

ponho

você / ele / ela

faz

quer

pode

põe

nós

fazemos

queremos

podemos

pomos

vocês / eles / elas

fazem

querem

podem

põem

 

 

F2

PRONOMES PESSOAIS OBLÍQUOS

Em se tratando da linguagem, ela é um conjunto de regras de comunicação compreendidas pelas pessoas que o usam.

Como já foi dito no apêndice “Pronomes pessoais I”, os pronomes pessoais podem ser retos ou oblíquos, segundo qual seja a função sintática que cumprem na oração. Estudaremos aqui os pronomes pessoais oblíquos.

À diferença dos retos, os pronomes pessoais oblíquos se caracterizam por exercer a função sintática de complemento verbal (objeto direto e objeto indireto) na oração. No exemplo acima, o pronome oblíquo o é o complemento direto do verbo usar e, ao mesmo tempo, remete a um referente já enunciado no texto: “um conjunto de regras de comunicação”.

Os pronomes pessoais oblíquos se apresentam sob duas formas, de acordo com a acentuação tônica que possuem:

  • átonos: são empregados sem preposição e possuem uma acentuação tônica fraca:

Já o elogio ao fato de Lula ser monoglota, não o acompanho, não.

 

  • tônicos: são obrigatoriamente regidos por uma preposição e possuem uma acentuação tônica forte:

Você não pode entrar sem mim.

Completemos, agora, o quadro dos pronomes pessoais:

 

retos

oblíquos

número

pessoa

átonos

tônicos

singular

1.a

2.a

3.a

eu

tu / você

ele, ela

me

te / lhe

o, a, lhe

mim

ti

ele, ela, si

plural

1.a

2.a

3.a

nós / a gente

vós / vocês

eles, elas

nos

vos / lhes

os, as, lhes

nós

vós

eles, elas, si

 

 

 

As atuais classes dominantes, por exemplo, se esforçam por utilizar um tipo de linguagem (uma espécie de dialeto e jargões), impondo seu léxico, termos e expressões particulares, no que se divorciam do povo com a intenção de dominar e oprimir; de exercer um modo de vida de obtenção material, como o de imprimir as idéias e teorias que são correspondentes aos seus interesses e que os possam socorrer.

Tolerar o estrangeirismo significa apoiar as barreiras sociais criadas contra o povo, e torná-lo até mais empobrecido.

A verdadeira língua nacional torna esse "dialeto" inaceitável, sendo que jamais poderá se incorporar à estrutura léxica nacional ou mesmo suplantá-la.

É evidente que o sistema de latifúndio é estéril pela sua própria natureza e agregar-lhe o nome de improdutivo significa adulterar o seu conteúdo autêntico, criar mais um empecilho para extingui-lo na economia de nosso país, a pretexto de que alguns são produtivos...

A imensa maioria da população se depara com vários casos do uso de palavras "inglesas", na realidade muitas vezes nem passam de gírias de vida tão duradoura quanto a circulação de um produto, ou maneira de usá-lo, lançado no mercado pelas corporações estrangeiras, que é prontamente substituído por outro.

Já o elogio ao fato de Lula ser monoglota, não o acompanho, não.

Já escrevi na Folha, bem antes de Lula ser popular e ser presidente, que, se os doutores que governaram o país durante 500 anos, deixaram-no do jeito que está, não seria um operário que faria um mal maior.

Mas piada que precisa, primeiro, ser traduzida evita a resposta bem-humorada que Lula poderia dar se a entendesse de saída.

 

 

F3

USO DE ASPAS, PARÊNTESES E TRAVESSÃO

Esse linguajar, tão erudito quanto reacionário…

 

As aspas (“ ”) são um dos sinais de pontuação que apresentam vários usos. Muitas vezes, interpretar o significado que se esconde por trás desses usos facilita a compreensão do texto.

De modo geral, as aspas se empregam para:

  • demarcar as citações textuais:
    O idioma português tem algo como 300 mil palavras. Em apenas um ano, cerca de 3 mil palavras estrangeiras foram incorporadas aos dicionários, portanto 1% do total. Se considerarmos que o 1% recém-incorporado tem uso pleno, a invasão estrangeira ganha proporções estatísticas ainda mais alarmantes. Digamos que 60 mil palavras sejam efetivamente usadas, então a proporção dos neologismos é de 5%, calcula o jornalista.
    Lula tem a grande vantagem de só falar português, enquanto Fernando Henrique falava todos os idiomas e falava [em visitas oficiais] no idioma dos outros, ao passo que Lula leva o português a todas as partes”, diz Soares.

  • indicar o nome de algum tipo de publicação (artigos de revistas, capítulos de livros, artigos de jornal):

É autor, entre outras obras, de “Enviado Especial: 25 Anos ao Redor do Mundo” e “O Que é Jornalismo”.

  • assinalar palavras ou expressões não características da linguagem convencional, como estrangeirismos, neologismos, gírias, jargões, etc (neste caso também pode se usar o tipo de letra itálico):
    O jargão economês, o sociologuês e outras convenções de comunicação…

  • apontar o uso metalinguístico de uma palavra ou expressão, isto é, destacar palavras ou expressões que não são usadas mas mencionadas no texto (aqui também pode se utilizar o tipo de letra itálico):
    Exemplo objetivo: a brincadeira do presidente Barack Obama com o colega brasileiro, aquela história de my man, que traduzimos por é o cara.

  • destacar palavras ou expressões que são utilizadas em um sentido especial ou irónico:

Esse linguajar, tão erudito quanto reacionário…

É próprio desse dialeto fugir do sistema léxico essencial…

Mas falar de defesa do português é um discurso que se insere numa esfera político-ideológica completamente diferente.
Fala-se de
controvertidas opiniões de especialistas que suspostamente estariam dificultando o trabalho dos professores de português…

 



É próprio desse dialeto” fugir do sistema léxico essencial (a parte principal do vocabulário) e do sistema gramatical da língua nacional.

Os parênteses [( )] também possuem mais de um uso, porém, geralmente são empregados para isolar palavras, expressões ou frases que acrescentam informação adicional — não essencial — e que não se encaixam na sequência lógica do enunciado.

Os parênteses se usam para:

  • fazer uma explicação circunstancial à respeito do que se escreve:
    As atuais classes dominantes, por exemplo, se esforçam por utilizar um tipo de linguagem (uma espécie de dialeto e jargões)
    Vocábulos assim podem figurar nos maiores dicionários da língua portuguesa, porque são encomendados pelas classes dominantes (ao mesmo tempo submissas aos interesses estrangeiros)
    as classes dominantes nativas e seu governo favorecem a entrada de festejos como o halloween (dia das bruxas)
    Tolices como linkar em vez de ligar (no sentido de pôr em comunicação) estão cada vez mais presentes no dia-a-dia do brasileiro.
    …um dos líderes da resistência à ditadura salazarista
    (1932 a 1974, sendo que, a partir de 1968, quando o ditador ficou incapacitado, passou o posto a Marcelo Caetano).

  • intercalar um comentário ou uma reflexão:
    A essência do estrangeirismo reside na adulteração da linguagem com finalidade escusa e uma degeneração ainda maior do jargão (jurídico, filosófico, tecnicista etc.) como fala de minoria.
    …uma das razões
    (além da circulação prioritária de todas as suas corporações e produtos em território brasileiro, em detrimento da vida material do nosso povo) reside na imposição das expressões da literatura e da arte, hábitos, costumes, sistema jurídico, moral etc. e, em especial, na valorização excessiva do idioma estrangeiro.
    O desenvolvimento da cultura
    (do ponto de vista restrito, interpretada como a vida espiritual de uma nação) tem por base a vida econômica da nação.
    Como o X de cheese que vira sanduíche
    (mesmo sem queijo)
    No site desse encontro (chamado, incorretamente, de “seminário”),

  • incluir indicações bibliográficas:

  • dar indicações cénicas numa peça de teatro ou em um roteiro de cinema:

 

Afinal, para que defender uma língua que, só no Brasil, tem 200 milhões de falantes o que faz do português brasileiro a terceira língua mais falada do Ocidente, depois do espanhol e do inglês?

 

Outro dos sinais de pontuação que apresentam mais de um uso é o travessão (—), que é empregado basicamente em três casos:

  • para indicar o início da fala de um personagem ou a mudança de interlocutor nos diálogos;

  • para introduzir, ao final de um argumento ou de uma enumeração, uma síntese ou conclusão:
    Mas ao se submeter principalmente ao imperialismo ianque adotou e ampliou uma gíria estrangeira, de preferência saída do inglês
    e que também não se pode chamar de inglês.
    O jargão "economês", o "sociologuês" e outras convenções de comunicação pejadas por tecnicidades e charlatanismo
    é um código que afeta a estrutura linguística, assimilando constantemente palavras e expressões da metrópole, igualmente obscuras.

  • para indicar a intercalação de um elemento na frase. Neste caso, emprega-se o travessão duplo e pode ser substituído por vírgulas ou parênteses:

O disparatado glossário dos jargões que se faz passar por termos científicos e técnicos, nos planos político, jurídico, econômico etc. , não raro veste uma roupagem estrangeira.
No Rio de Janeiro há um bairro inteiro, Barra da Tijuca
para onde se transferiu uma parte da burguesia e da camada alta da pequena burguesia que reside na cidade , em que tudo é escrito em inglês.
O mercado mundial encontra-se sempre fechado à circulação dos produtos da América Latina
os mais legítimos e de utilidade comprovada —, seja por imposição de preços aviltantes, ou simplesmente barrando o seu ingresso para manter a supremacia das mercadorias sob domínio dos monopólios.