Módulo V

Conocimiento previo

Cinema e produção audiovisual brasileira. A grande indústria e a produção independente.

A1

CIDADE DE DEUS: O debate da exclusão social em primeiro plano

Quarta-feira, 17 de Novembro de 2004
Por Maria do Rosário Caetano

Filme evoca os grandes momentos do cinema social em trágica sequência com os meninos da "caixa baixa". É um filme para refletir sobre o momento social pelo qual o país passa.

"Cidade de Deus", de Fernando Meirelles, é um filme de utilidade pública. Goste-se ou não do tratamento que dá à instalação e crescimento do tráfico de drogas nas favelas brasileiras, a partir dos anos 70, todos hão de concordar que o filme chegou na hora certa. Servirá, doravante, como elemento fertilizador no mais que urgente debate sobre a  exclusão social. Problema grave, que coloca o Brasil incomodamente ao lado dos países mais pobres do mundo.
O livro que deu origem ao filme ("Cidade de Deus", de Paulo Lins) é um livro de reconhecido valor literário, teve boa vendagem e inseminou projetos diversos. Mas o filme, por sua maior facilidade de difusão (e recepção), deve cumprir, neste alvorecer do século XXI, papel que "Los Olvidados" (1950), de Buñuel, exerceu no México. Ou que "Pixote, a Lei do Mais Fraco" (1980), de Hector Babenco, cumpriu no Brasil. Buñuel e Babenco mostraram deserdados sociais, crianças e adolescentes, jogados num mundo sem perspectiva. Paulo Lins e Fernando Meirelles mostram que os Jaibos e Pixotes transformaram-se em soldados de um exército que disputa territórios para vender droga.

O filme de Fernando Meirelles, co-dirigido por Kátia Lund, constitui-se em trágico alarme. Mostra, ao longo de 2h10m, que é preciso fazer alguma coisa. Não aponta saídas, mas chama atenção para o grande desafio que se impõe à agenda sociopolítica e econômica das elites governantes.
Frente à pertinência e urgência dos temas de "Cidade de Deus", parece secundário discutir sua estrutura narrativa e possíveis consequências desviantes de sua intenção inicial (traçar painel do nascimento de uma "cidade" e mostrar que muitos de seus filhos foram arrebanhados pelo tráfico de drogas).

Painel do nascimento de uma cidade, em um filme que tem 60 atores com participações interessantes De saída, há que se registrar que "Cidade de Deus" apresenta uma das sequências mais tragicamente belas da história do cinema social: a que mostra os meninos da "caixa baixa" sendo acuados por Zé
Pequeno numa espécie de "chiqueirinho". O chefão do tráfico na Cidade de Deus está incomodado com os furtos que a molecada, sem pai nem mãe, vem
fazendo dentro da própria favela. É preciso dar dura exemplar nos contraventores-mirins. Alguns integrantes do bando (versão 2002 dos "capitães da
areia" de Jorge Amado/1935) fogem apavorados. Restam dois. Um com cara de índio, cabelos bem pretos e lisos. Outro mestiçozinho, olhos remelentos,
nariz úmido. Ao lado de Zé Pequeno está outro menino-soldado, que quer se fazer respeitar de forma que possa integrar o staff do chefe. A ele (tão criança
quanto os que ali estão acuados) caberá escolher, exemplarmente, qual dos dois "caixa baixa" será exterminado. Sequência digna de antologia.

Tratado social de "Cidade de Deus": papel semelhante a "Los Olividados", de Buñuel, e "Pixote, a Lei dos Mais Fracos", de Babenco Nem tudo, em "Cidade de Deus", tem a trágica poesia e o poder de denúncia da sequência protagonizada pelas crianças da "caixa baixa". O filme conta a história de dezenas de
personagens que, no final dos anos 60, foram viver num conjunto habitacional na zona oeste do Rio de Janeiro. Oriundas, como os personagens de Fernando Birri ("Los Inundados") de regiões vitimadas por enchentes, as famílias chegaram a uma Cidade de Deus poeirenta e inóspita. Viverão em apertados
apartamentos, nestes prédios tipo BNH. Com dinheiro curtíssimo em casa, os pais não podiam dar aos filhos o que estes sonhavam ter. Uns jogavam futebol na poeira. Outros roubavam caminhões de gás. Marreco, Cabeleira e Alicate (o Trio Ternura), ladrões pé-de-chinelo, aceitam sugestão de um molequinho
de nada, de nome Dadinho (Douglas Silva), para crime mais ousado: assaltar um motel. No desenho do perfil de Dadinho (mais tarde o sanguinário traficante Zé Pequeno) esboça-se o maior problema do filme. O personagem parece saído de compêndio lombrosiano. Não se dá destaque às causas socioeconômicas que o geraram. Ele parece mau de nascença.
O assalto ao motel serve de prenúncio à segunda fase do filme. A década de 70, tempo em que a black music embalava bailes maneiros, serve de cenário para o contraponto entre os sonhos de Buscapé (Alexandre Rodrigues) e Zé Pequeno (Leandro Firmino da Hora). Buscapé quer ser fotógrafo, quer perder
a virgindade com uma cocota, quer construir sua vida, se posssível, fora do território do tráfico. Já Zé Pequeno quer ser o dono da Cidade de Deus.

Na terceira fase, começo dos anos 80, Zé Pequeno comanda o tráfico, cercado de um exército de jovens (de 11 a 18 anos). Por sentir-se feio e rejeitado, resolve pegar, na marra, a jovem que se negou a dançar com ele num baile funk. Ela é mulher de um simpático cobrador de ônibus, interpretado pelo belo Seu Jorge (ex-Farofa Carioca). O estupro da mulher deixará o cobrador transtornado. Ele acabará convencido por Sandro Cenoura (Matheus Nachtergaele) a aliar-se a ele para, juntos, enfrentarem Zé Pequeno. Mané Galinha, o ex-cobrador, cai de cabeça na guerra de quadrilhas. E o filme mistura, então, influência de Sam Peckimpah, Scorsese e Tarantino, e manda ver. Abraça, perigosamente, o ritmo do cinema de ação hollywoodiano. Nestas alturas, o público está de tal forma tomado pela dinâmica da guerra que antagoniza os traficantes que se esquece de que ali estão favelados brasileiros, realidade tão próxima de nós. Se a
descontextualização já parecia incômoda nas primeiras partes do filme, na terceira o problema se amplia. Mesmo assim, "Cidade de Deus", o filme, deixa saldo positivo. O único risco é que o público, ao término da projeção, vá para casa convencido de que as favelas são fábricas de bandidos. Ao contrário de Eduardo Coutinho, que busca nos morros gente comum, que trabalha, sofre, erra e acerta, "Cidade de Deus", em seu trágico recorte, parece povoada só por traficantes.

Elenco black – O maior trunfo de "Cidade de Deus" é seu elenco. Do figurante aos protagonistas, só há craques. Fernando Meirelles lembra que há 60 personagens com destaque na trama, 150 em funções secundárias, e 2.600 figurantes. A maior surpresa do filme é Leandro Firmino da Hora. Ele enche a
tela com seu carisma, embora falte matiz ao personagem (não por culpa do ator). Os irmãos Haagensen — Phelipe (Bené) & Jonathan (Cabeleira) – também brilham. Os experientes Matheus Nachtergaele e Gero Camilo integram-se ao grupo com maestria. Seu Jorge, com seu porte de Apolo negro, ganha personagem matizado e faz bonito. Os papéis femininos, todos pequenos, contam com atrizes seguras (destaque para Roberta Rodrigues, como Berenice, e Karina Falcão, como a favelada que trai o marido, Paraíba). Alexandre Rodrigues, o narrador Buscapé, é  simpático e convincente. Douglas Silva, o endemoniado Dadinho, se entrega com paixão ao difícil papel que lhe coube. Por trás de elenco tão coeso e eficiente estão dois nomes femininos de peso: a co-diretora Kátia Lund e a coach Fátima Toledo. Kátia – em parceria com Guti Fraga, do grupo Nós do Morro, e Fernando Meirelles – selecionou centenas de aspirantes a ator. Todos eles foram preparados em exaustivas oficinas. O fruto do trabalho foi a ONG Nós do Cinema, que, a partir de "Cidade de Deus", vem funcionando como celeiro de novos talentos. Em especial de atores black. Fátima Toledo, escorada na experiência realizada com o elenco de "Pixote" e de documentários dirigidos por Denoy de Oliveira com presidiárias, deu contribuição de peso. Meirelles lembra, satisfeito, que a ONG (ou agência) Nós do Cinema vem colocando a rapaziada das oficinas e elenco de "Cidade de Deus" no mercado. "Tem muita gente boa, estamos no início mas está dando certo".

Fonte: Revista de Cinema versão on line.Adaptação.

Pregunta de Elección Múltiple

No texto  frase

"Ele parece mau de nascença"

Mano de nacimiento

Hermano de nacimiento

Malo de nacimiento


 "jogados num mundo sem perspectiva."

jugados en el mundo

abandonados en un mundo

lanzados en el mundo


No texto  “Cidade de Deus - O debate da exclusão social em primeiro plano”, ao que refere a frase "Ele enche a tela com seu carisma"

Ao carisma dos irmãos Haagensen que completam a tela

Ao carisma na direção do filme de Fernando Meirelles

A surpresa de Leandro Firmino da Hora na tela

À culpa do ator pelo excesso de carisma na tela

Nenhuma das anteriores


Na seguinte frase "Mesmo assim, "Cidade de Deus", o filme, deixa saldo positivo" do texto “Cidade de Deus - O debate da exclusão social em primeiro plano” a palavra mesmo poderia ser subtituída por:

    

ainda

além

aliás

também

ademais


Actividad

1) Assistir a sequência do filme abaixo desta tarefa e procurá-la no texto “Cidade de Deus. O debate da exclusão social em primeiro plano”. Assinalar a cena nesta atividade.

2) Identificar no filme (assistir novamente) o descrito no texto:

  • a) os personagens
  • b) as locações
  • c) as ações

Ver vídeo: http://youtu.be/ng9q5-xkNmE

 

Exemplo: Imaginemos que este é o texto: "Karina mora no bairro sul com sua família, ela sempre gosta de andar de bicicleta com a Ana e o Sérgio". E que tem um vídeo que mostra três crianças andando de bicicleta e gritando.

Para a parte 1) você deveria copiar a parte do texto que se corresponde com a imagem "ela sempre gosta de andar de bicicleta com a Ana e o Sérgio".

Para a parte 2) você deveria desglossar essa parte do texto segundo as coisas que sejam mostradas no vídeo.

  • a) As locações: o texto naõ descreve a locação de por onde andam de bicicleta.
  • b) Os personagens: no vídeo podemos identificar: "ela" e "a Ana e o Sérgio".
  • c) As ações dos personagens: no vídeo imaginemos que se mostra as crianças andando de bicicleta e gritando, no caso só vão colocar o que se corresponda vídeo/texto, portanto deveriam colocar " andar de bicicleta". Como o texto não menciona que também gritam, isso não deve ser levado em conta pois não se corresponde o texto com o vídeo.

O exercício completo ficaria assim:

  • 1) "ela sempre gosta de andar de bicicleta com a Ana e o Sérgio".
  • 2) a) As locações: o texto não descreve a locação de por onde andam de bicicleta; b) Os personagens: "ela", "a Ana e o Sérgio"
  • c) As ações dos personagens : "andar de bicicleta"

Actividad de lectura

Analizar o uso do diminutivo nos seguintes exemplos do texto:

a) chiqueirinho

b) dadinho

c) mestiçozinho

 

A2

Criador da Rádio Favela fala sobre Uma Onda no Ar

Quinta, 05 de setembro de 2002, 17h45

 
 
 

"Cidade de Deus é veneno e Uma Onda no Ar, o soro". A frase é de Misael Avelino dos Santos, criador da Rádio Favela de Belo Horizonte, que inspirou o filme de Hevelcio Ratton sobre a emissora pirata que sofreu perseguições na década de 1980 e que estréia nesta sexta-feira.

"Andam comparando muito Cidade de Deus com Uma Onda no Ar. Mas o Cidade termina ao som de tiros e Uma Onda carrega o som da vitória", afirmou Santos após uma sessão especial do longa-metragem para os candidatos à Presidência, na quarta-feira em São Paulo.

Em sua observação, Santos ressalta que, enquanto a produção de Katia Lund e Fernando Meirelles mostra o tráfico de drogas derrubando os personagens um a um, Uma Onda no Ar busca transmitir uma mensagem positiva sobre iniciativas criadas nas comunidades pobres.

Uma Onda já foi exibido no último Festival de Gramado e recebeu um Kikito pela atuação de Alexandre Moreno no papel do fictício Jorge, que representa Santos.

Até se tornar conhecida e receber um prêmio das Nações Unidas, a Rádio Favela foi vítima de repressão por causa do conteúdo político de suas transmissões e chegou a sofrer mais de 100 batidas policiais. A emissora funcionava no mesmo horário do programa estatal A Voz do Brasil, mas que este ano ganhou concessão para se tornar rádio educativa.

"Apanhar de polícia na realidade não é como no filme. Se fosse, aguentava mais uns 20 anos", afirmou Santos, revelando ter inúmeras cicatrizes no corpo em consequência dos confrontos daquela época.

Hevelcio Ratton, também presente no evento dos presidenciáveis, afirmou que o processo de produção de Uma Onda no Ar não foi cem por cento tranquilo e que "as parcerias entre o morro e a cidade são sempre difíceis".

"No começo, olhei torto para o Misael e ele olhou torto para mim também. Mas, no final tudo deu certo e ele entregou de coração aberto a sua história", comentou o diretor. O ator Babu Santana, que interpreta o personagem Roque, que acaba entrando para o tráfico de drogas, afirma que Uma Onda no Ar cumpre uma função social importante. "Metade do que o filme tinha que cumprir, ele cumpriu. Deu dignidade à favela e às pessoas que moram lá", disse Santana. "Agora a meta é arranjar apoio e mostrar o filme para todos os que não podem assisti-lo no cinema e fazem parte das favelas".

Actividad de lectura

 Ao que faz referência as frase "Cidade de Deus é veneno e Uma Onda no Ar, o soro"?

Qual a relação entre o filme "Uma onda no ar" e a história recente do Brasil?

Actividad de lectura

O que significa a seguinte frase do texto: "No começo, olhei torto para o Misael e ele olhou torto para mim também"

Actividad de lectura

Nos textos desta unidade, para o que foi utilizado o recurso do discurso direto?

F1

Algumas significações dos diminutivos1

De saída, há que se registrar que "Cidade de Deus" apresenta uma das sequências mais tragicamente belas da história do cinema social: a que mostra os meninos da "caixa baixa" sendo acuados por Zé Pequeno numa espécie de "chiqueirinho".

Alguns integrantes do bando (versão 2002 dos "capitães da areia" de Jorge Amado/1935) fogem apavorados. Restam dois. Um com cara de índio, cabelos bem pretos e lisos. Outro mestiçozinho, olhos remelentos, nariz úmido.

Marreco, Cabeleira e Alicate (o Trio Ternura), ladrões pé-de-chinelo, aceitam sugestão de um molequinho de nada, de nome Dadinho (Douglas Silva), para crime mais ousado: assaltar um motel.

No desenho do perfil de Dadinho (mais tarde o sanguinário traficante Zé Pequeno) esboça-se o maior problema do filme. O personagem parece saído de compêndio lombrosiano. Não se dá destaque às causas socioeconômicas que o geraram. Ele parece mau de nascença.

O principal morfema da língua portuguesa para denotar o diminutivo é _inho e sua variante _zinho. Os outros sufixos são: _acho, _culo, _ebre, _eco, _ejo, _ela, _ete, _eto, _iço, _im, _isco, _ito, _ote, _ucho, _ulo, _únculo, _usco.

Tradicionalmente, o diminutivo é ensinado como uma indicação formal de diminuição de tamanho. Mas, dependendo do contexto em que o diminutivo é usado, ele pode assumir as mais diversas significações, indicando manifestações da emoção e das intenções do falante.

Embora a significação dos diminutivos de uma palavra dependa do contexto e só exista em relação a ele, seguem abaixo alguns dos efeitos de sentido e das significações do uso cotidiano desse recurso de linguagem.

 

a) admiração/ surpresa

Exemplo:

Dois amigos se encontram e um deles convida o amigo para conhecer a sua “casinha” (sentido afetivo, de aconchego). Quando o amigo chegou em frente à casa, declara admirado:

Que casinha hein!

Na realidade, a casa não era uma casinha (no sentido de pequena), mas uma casa grande, o que causa surpresa por não corresponder à expectativa criada quando o amigo se referiu à sua propriedade.

 

b) ironia/ depreciação/ antipatia

Exemplo:

Você gosta mesmo de ler esse jornalzinho?

Esse doutorzinho não acertou um diagnóstico sequer.

Vai entender o que esse povinho quer fazer da vida.

Ele nos serviu um vinhozinho qualquer.

Nesses casos, a entonação de voz ajuda a reforçar o sentido irônico ou depreciativo do termo empregado no diminutivo.

 

c) atenuação de sentido

Exemplo:

Senti um friozinho na barriga só de pensar em perder meu emprego.

Ao dizer friozinho a pessoa deve estar atenuando o gelo de medo que sentiu ao pensar em algo desfavorável ou desagradável.

Essa atenuação ocorre para desarmar certas palavras que, na sua forma original, são contundentes, como, por exemplo, operação. Se um médico disser que o paciente passará por uma operaçãozinha, parece que é algo mais banal do que se disser operação, uma palavra que denota uma situação que certamente durará horas e pela qual pacientes graves passam.

Pensando em palavras menos trágicas, mas que podem ser atenuadas: você pode passar horas tomando chopinho e comendo porçõezinhas fritas, sem o peso na consciência que você poderia ter se tivesse tomado dois chopes com duas porções fritas.

 

d) reforço de sentido

Quando o diminutivo sugere alguma incumbência ou ordem, não indica que a pessoa deverá realizá-la mais lenta ou rapidamente, mas sim acentuar a recomendação, reforçar o sentido.

Exemplo:

João, vá depressinha apanhar o meu remédio na farmácia.

 

e) afetividade

Nesse caso, o diminutivo denota sentimentalismo, carinho ou cuidado com algo ou com a outra pessoa envolvida na comunicação.

Exemplos:

Que saudade da minha caminha!

Que comidinha gostosa a sua mãe faz!

Gostou do cafezinho?

 

f) significado cristalizado

Existem palavras que, embora utilizem o sufixo diminutivo, não tem significação de diminutivo, dependendo, sempre, do contexto em que são utilizadas.

Exemplos:

1. Terrinha: Portugal.

2. Pombinhos: casal feliz.

3. Santinho: propaganda eleitoral impressa em formato pequeno, com foto do candidato e informações sobre ele.

4. Folhinha: folha com o calendário impresso.

5. Patricinha: mulher que se veste com excessivo apuro.

6. Vaquinha: ajuda mútua, caixinha.

g) valor superlativo

Na linguagem coloquial, na qual as manifestações de ternura caracterizam-se por sua intensidade e natural exagero, é comum o advérbio e o adjetivo assumirem uma forma diminutiva, utilizando o sufixo _inho com um valor de superlativo.

Exemplos:

Quando os homens se separam dos meninos, o medo é uma bola que dorme quietinha no fundo das redes.

Quietinha: parada, paralisada, imobilizada (quietíssima).

É igualzinho a você!

Igualzinho: não tem diferença alguma, são completamente iguais (igualíssimos).

1 Adaptado de: http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=15192 e http://www.filologia.org.br/viicnlf/anais/caderno10-13.html

F2

FORMAS DE CITAR O DISCURSO ALHEIO

O enunciador ou autor de um texto dispõe de dois tipos de recursos para reproduzir as palavras de outros no seu próprio discurso: o discurso direto e o discurso indireto.

 

Discurso direto

Observemos o seguinte exemplo levantado do texto Pedido de perdão de Lula a africanos provoca discussão.

O Brasil foi o único país americano que participou da pilhagem da África. O presidente fez o certo”, enfatizou o historiador Luiz Felipe de Alencastro.

No discurso direto, o emissor da mensagem reproduz o discurso de Luiz Felipe de Alencastro por meio das próprias palavras dele. Parecesse que o leitor estivesse lindo diretamente a fala dessa pessoa. É exatamente por isso que esse recurso é denominado discurso direto.

Há determinadas marcas que caracterizam esse tipo de citação.

a) Vem acompanhado geralmente por um verbo que refere à fala de quem está sendo citado e à sua atitude ao pronunciar esse enunciado (“enfatizou”, no caso do historiador Luiz Felipe de Alencastro). Os verbos desse tipo são denominados verbos de dizer, e podem aparecer antes, no meio ou depois da citação. Alguns deles são: dizer, responder, afirmar, concluir, argumentar, enfatizar e outros do mesmo tipo.

b) É marcado por alguns sinais de pontuação: dois pontos, e aspas ou travessão. O uso do travessão para marcar a fala do personagem é típico dos textos literários, enquanto o uso de aspas é mais frequente nos outros tipos de textos.

c) O tempo verbal, os pronomes e demais elementos dependentes da situação comunicativa são usados literalmente e se organizam de acordo com o momento da fala de quem é citado.

 

Discurso indireto

Observemos agora esse outro exemplo extraído do mesmo texto.

Quanto ao passado, Isabel disse que a sociedade deve, sim, pedir desculpas aos negros africanos, mas deve sobretudo agradecer pelo que fizeram pela cultura nacional miscigenada, original e rica.

Neste caso, o enunciador também inclui as palavras de outro, Isabel Lustosa, mas não as reproduz literalmente, ele usa suas próprias palavras para expressar o que ela disse. A fala de Lustosa nos chega de forma indireta, por meio da reformulação do enunciador, por isso é que esse recurso é chamado de discurso indireto.

 

O discurso indireto também apresenta algumas características gerais:

a) Como o discurso direto, vem acompanhado por um dos verbos de dizer (“disse” no exemplo acima).

b) É introduzido não por um sinal de pontuação, mas por uma partícula introdutória, geralmente a conjunção que ou se, pelo que o discurso indireto constitui uma oração subordinada substantiva (“que a sociedade deve”).

c) Os elementos que dependem da situação comunicativa (tempo verbal, pronomes, advérbios temporais e locativos, etc.) são determinados pelo momento da fala do enunciador, e não do outro emissor (no exemplo, o verbo da oração principal ocorre na 3a pessoa).

 

Cabe salientar que utilizar um ou outro modo de citação é uma escolha do enunciador ou autor do texto e isso produz alguns efeitos no texto. Com o discurso direto, o enunciador pode criar um efeito de verdade, dando a impressão de que preservou a integridade e a autenticidade do discurso citado. Ao escolher o discurso indireto, o enunciador deixa de lado os elementos subjetivos do discurso que cita e apreende só o conteúdo desse discurso.